Ouvi falar sobre esse livro pela primeira vez em Orange is The New Black. No primeiro episódio da terceira temporada, a Boo (Carrie Black) cita para a Pennsatucky (Tiffany Doggett) umas das pesquisas mais fascinantes e polêmicas citadas no livro: o grande impacto da legalização do aborto na redução da criminalidade nos Estados Unidos. Muitos crimes não aconteceram pelos simples fato de que os criminosos não nasceram para os cometer.
Em outras palavras, os próprios fatores que levaram milhões de americanas a fazerem aborto também representam indicadores de que seus filhos, caso tivessem nascido, teriam vidas infelizes e possivelmente criminosas.
Escrito pelo jornalista Stephen J. Dubner e pelo economista Steven D. Levitt, o livro lançado em 2005 tem muitos outros temas interessantes e menos polêmicos. Alguns exemplos:
- professores que fraudam resultados de provas dos próprios alunos;
- lutadores de sumô que combinam resultados;
- multas que não cumprem o papel de punir;
- o (não) papel da pena de morte na redução dos homicídios;
- o perigo mortal das piscinas;
- um pouco mais sobre a história da Ku Klux Klan;
- a ascensão do crack;
- a grande dificuldade que um vendedor de drogas tem para subir na "carreira profissional".
É basicamente um livro que contesta várias ideias que nos parecem verdades por fazerem sentido e nos soarem lógicas e confortáveis.
O problema do tráfico de crack é o mesmo que afeta todas as outras profissões glamourosas: um monte de gente competindo por um pequeno punhado de prêmios.
A tradução da Regina Lyra ficou muito bem feita e isso torna o livro ainda mais agradável.
Ninguém é mais suscetível ao terrorismo de um especialista do que um pai ou uma mãe. O medo é, na verdade, um componente de peso no exercício da parentalidade.
E na parte mais inútil do livro, embora ainda possa ser muito bem aproveitada por publicitários, escritores e roteiristas, os autores falam sobre os nomes próprios: nomes estranhos, nomes negros, nomes brancos, nomes de ricos, nomes de pobres, nomes em famílias com alta escolaridade, nomes em famílias com baixa escolaridade.
Pessoas que não se dão ao trabalho de escolher um nome para o filho não parecem propensas a ser os melhores pais do mundo.
É interessante observar também o ciclo dos nomes que, no caso das famílias da Califórnia, sempre começa entre os ricos, que geralmente se inspiram na história, na literatura e nas artes para escolher os nomes de seus bebês.
Mesmo que você não concorde com algumas das relações estabelecidas pelas pesquisas realizadas pelo Levitt, o livro é um bom exercício de raciocínio. Sem dúvida ele é um economista que pensa fora da caixa, longe da caixa, há quilômetros da caixa.
Para cada pessoa inteligente que se dê ao trabalho de bolar um esquema de incentivo existe um exército de outras, inteligentes ou não, que inevitavelmente gastarão mais tempo ainda tentando fraudá-lo.
Até mais!
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Todos os comentários são moderados pela autora do blog.