Quando eu soube da existência dessa biografia, fiquei bastante ansiosa para lê-la. Helena Camargo é prima da minha avó, Izabel Cipriano, e elas passaram boa parte da vida morando na mesma região rural de Goiás, por isso eu sabia que, se lesse Simplesmente Helena, poderia conhecer ainda mais a história da minha própria avó, das minhas tias mais velhas e também a infância da minha mãe, Helena Cipriano, que nasceu quatro dias antes do Zezé, foi morar em Goianésia no fim da adolescência e não voltou à vida rural mais.
Em Goiânia, a primeira casa própria da família Camargo foi no Parque Atheneu, assim como a da minha família. Aliás, o fato da família Camargo morar no Parque Atheneu era muito comentado na minha infância, mas na época eu era muito nova e não tinha certeza se era verdade ou uma das muitas lendas do bairro (sim, o Parque Atheneu é um desses bairros que têm suas próprias lendas).
E ao ler o livro, eu me aproximei muito mais da história da minha família. Fui para Goianésia no dia das mães e cheguei a ler os primeiros capítulos para a minha avó. Ao ouvir a história da prima que ela mal conheceu, minha avó sorria e confirmava tudo com a cabeça como se estivesse ouvindo uma parte da própria história.
Simplesmente Helena é uma rara oportunidade de conhecer um pouco da história do Goiás rural dos anos 40, 50, 60, 70 sob o ponto de vista de uma mulher caipira. E aqui uso caipira com orgulho de ser neta e filha de mulheres caipiras, viu? Não tem nada de depreciativo no meu uso desse termo.
Após entrevistar Helena Camargo, a Carolina Kotscho escreveu tudo em primeira pessoa usando o linguajar próprio da biografada. Quem nunca teve contato com goianos ou mineiros que viveram na roça nessa época pode achar estranho e difícil de entender, mas eu garanto que o trabalho da Carolina ficou verossímil, muito bem feito. É realmente uma goiana camponesa idosa falando. E isso rende boas risadas ao longo do livro por causa do jeito simples e direto de contar algumas pequenas tragédias da vida.
E depois da fase rural, o livro conta a insana jornada de Francisco Camargo, que tanto acreditava no sucesso dos filhos na carreira musical, com muito mais detalhes do que no filme; as várias fases de extrema pobreza, em muito causada pela obsessão de Francisco; a morte de Emival; a mudança para Goianésia; a mudança para Goiânia; o sucesso em São Paulo; o sequestro de Wellington; a depressão de Helena. Tá tudo no papel sob o ponto de vista da biografada.
Esse livro está esgotado nas livrarias há anos e peço perdão por indicar um livro que não dá para comprar novo. Mas você ainda encontra em sebos, no Mercado Livre e em outros sites que vendem livros usados. Ainda tenho esperança de que façam uma nova edição ou até mesmo uma edição eletrônica, assim não ficaria esgotado.
Eu tive sorte para encontrar esse livro. Uma colega, a Erika Toledo, comentou no trabalho que tinha lido o livro com a história sofrida de Helena Camargo. Na mesma hora perguntei onde ela tinha conseguido o livro. Ela disse que tinha ganhado e me emprestou o dela. Mas parece que ela tem seus contatos com a família Camargo porque me deu mais dois livros novinhos que dei para minha tia Genezi e para minha mãe, Helena. Minha mãe se identificou tanto que leu o livro rapidamente e logo apelidou Helena Camargo como "Dona Sofrência".
Muito obrigada, Erika!!!
Carolina Kotscho e família Camargo, nos façam o favor de reeditar esse livro, seja pela Planeta ou por outra editora. Muita gente ainda quer e precisa ler.
Até mais!
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