Quem mora aqui em Goiânia sempre passa muita raiva e indignação no transporte público, mas para as pessoas de outras cidades a situação é ainda mais constrangedora por causa da falta de informação.
Quando eu chego a São Paulo pelo aeroporto de Congonhas, por exemplo, o procedimento é fácil: com notas inferiores a R$ 20 na carteira (já saio de Goiânia com elas), saio do aeroporto, subo a passarela, ando alguns metros até a calçada, pego o ônibus para o bairro desejado, pago o cobrador, pego meu troco, me acomodo com minha mala onde tiver espaço. Para quem chega pela rodoviária há ainda mais opções, como trem e metrô. É simples e faz sentido para qualquer turista de qualquer lugar do mundo.
Infelizmente aqui em Goiânia o transporte público tem características que não fazem tanto sentido assim. Todo dia a cidade recebe muita gente que vem fazer compras, tratamento médico, procurar emprego ou participar de evento. Milhares dessas pessoas dependem do ônibus para se locomover e ficam totalmente perdidas quando entram no veículo. Mas é possível amenizar os transtornos se, antes de tentar pegar condução aqui, você souber algumas informações relevantes:
Os ônibus não têm cobradores, só motoristas.
As catracas não aceitam notas, moedas nem cartões de bancos. Apenas passam bilhete sit-pass e os cartões sit-pass.
O bilhete sit-pass só é vendido nos terminais de ônibus para aqueles passageiros que passam toda a viagem (até o terminal) "presos" no minúsculo espaço entre a porta de entrada e a catraca. Nos outros lugares você só encontrará a opção de recarga para o cartão.
Entre a porta de entrada e a catraca só tem um banco vermelho, ou seja, assento prioritário para idoso, grávida, deficiente. Para os que ficam em pé esperando chegar ao terminal ou o milagre de um vendedor de sit-pass, resta pouco espaço e eles ainda precisam se espremer para os demais que entram no ônibus.
Em raríssimos pontos de ônibus, geralmente em bairros comerciais de Goiânia, você vai encontrar um vendedor de sit-pass que vai pegar seu dinheiro, te dar o troco (se ele tiver troco) e passar um cartão para você passar pela catraca.
Se o motorista for muito bonzinho e não se importar em acumular funções sem ser remunerado por isso, ele pode receber seu dinheiro e liberar a catraca para você. Mas ele não vai ter troco, então o dinheiro tem que estar trocado no valor exato ou perto disso.
Outro problema que congestiona a entrada do ônibus é a exigência de que cartões de estudante e cartões de idoso sejam apresentados ao motorista para que ele possa liberar a catraca. Esse é um dos muitos fatos que provam que os imbecis que criam as regras do transporte público em Goiânia nunca entraram em um ônibus em horário comercial e mais provavelmente em horário nenhum.
O cartão Fácil - modalidade mais popular de cartão sit-pass - é emitido gratuitamente nos terminais e nos postos de recarga mediante apresentação do CPF. Da 2ª via em diante, há cobrança de taxa.
E por falar em postos de recarga, fora dos terminais eles estão cada vez mais raros. Com exceção do centro de Goiânia, onde você consegue recarregar seu cartão em várias drogarias, lanchonetes e bancas de revista, na maioria dos bairros você precisa andar 1, 2 até 3 quilômetros para recarregar seu cartão. É por isso que muita gente acaba entrando no ônibus sem crédito no cartão, já que o ponto de ônibus geralmente fica muito mais perto que isso.
Se você chegar a Goiânia pela rodoviária, faça e recarregue seu cartão Fácil por lá mesmo. Me lembro de pelo menos dois postos de recarga lá no Araguaia Shopping. Se possível, coloque crédito o suficiente para a viagem inteira. Se você ficar hospedado em bairro residencial ou industrial, provavelmente vai ter dificuldade para recarregar seu cartão.
Se você chegar a Goiânia pelo aeroporto, saiba que lá não tem ônibus, a não ser que você tenha ânimo para andar duas longas quadras sob o sol (ou no escuro) carregando malas. A única opção é o city bus (micro-ônibus com ar-condicionado) para o Centro. Custa mais caro, mas você consegue pagar em dinheiro. Mas fique atento porque o city bus não roda 24 horas por dia, não funciona aos domingos e acho que também não funciona em feriados.
Se, por qualquer motivo, você entrar no ônibus sem carga no cartão sit-pass, sem dinheiro trocado, não encontrar nenhum vendedor, não passar em nenhum terminal, o motorista pode não deixar você descer no ponto onde você precisa descer, o que é uma situação muitíssimo desagradável e embaraçosa porque você vai ficar "rodando" pela cidade com dinheiro na mão e sem nunca poder descer do ônibus.
Se a linha que você pegou passa em algum terminal, o motorista pode te obrigar a ir até o terminal, mesmo se seu ponto de descida for muito antes do terminal. Aí você entra no terminal e pega um ônibus voltando. Se ler isso já foi cansativo, imagine a canseira que é passar por isso!
Os ônibus não têm ar-condicionado e a cidade é muito quente na maior parte do ano, então prepare-se para suar.
Apesar de ser uma cidade quente, evite chinelos, papetes e rasteirinhas em horários de pico porque em ônibus lotados vão pisar no seu pé. Tênis e alpargatas são as melhores opções.
Na maioria das linhas, os ônibus só são limpos de madrugada. Se você pegar ônibus 8h da manhã em um dia seco e de ventania é provável que já o encontre muito sujo e talvez até fedido.
Algumas características positivas do transporte público em Goiânia:
Você pode fazer baldeação (troca de ônibus) gratuita dentro dos terminais (www.rmtcgoiania.com.br/terminais). Em Brasília, por exemplo, isso não existe.
Para completar o trajeto, você pode pegar ônibus das linhas alimentadoras sem pagar passagem adicional.
Além de crianças, idosos e deficientes, os estudantes também podem conseguir passe-livre se apresentarem a documentação no prazo correto. Se informe pelos sites: www.sitpass.com.br (crianças, idosos e deficientes) e www.juventude.go.gov.br (estudantes).
Você mora em Goiânia e quer dar mais alguma dica para os turistas? Fique à vontade para deixar seu comentário.
Leia também:
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Até mais!
Olá!!
ResponderExcluirAchei a postagem EXCELENTE!! Sou de Goiânia e sempre A-M-E-I o transporte coletivo daqui.. conheço de algumas outras cidades (poucas: Anápolis, Rio de Janeiro, Brasília) e gosto muito do de Goiânia.
Algumas outras coisas que tenho a acrescentar para os de fora (e os de dentro também.. kkk) é a facilidade de se poder fazer a programação da viagem via Google Maps, descobrir qual melhor trajeto, e quanto tempo gasta... escolher horário de partida, etc. Toda a rede de transporte é carregada no site e podemos saber exatamente quais linhas pegar para chegar a determinado local. Isso é muito bom!!! E não tem em muitas cidades!!
E além disso, podemos acompanhar os ônibus pelo GPS e saber exatamente o horário que o mesmo chegará no ponto, acompanhar se ele já virou a esquina, ou ainda está preso em algum engarrafamento, pelo site da RMTC.
Faço muito uso desses dois serviços que citei acima.
Ps.: Também achei ridículo quando eles colocaram os motoristas para 'conferirem' (que na vdd, não há uma conferência real) das carteirinhas de desconto (livre ou meia). Um absurdo!! E um atraso para todo o sistema.
E também quando o bilhete avulso parou de ser vendido. Aí andar de ônibus para turista ficou um martírio. E não só para turistas, mas para aqueles moradores, também, que não fazem o uso regular do transporte. Pois, a inutilização do Cartão Fácil por 6 meses acarreta a suspensão do mesmo, que só pode ser retirada pessoalmente, em horário comercial no Setransp, no Centro. O que é uma outra novela. Caso seu carro estrague e você precise pegar ônibus hoje, não pode utilizar seu Cartão Fácil que você tem guardado em casa, se não andou nos últimos 6 meses de ônibus. ><
Um grande abraço! E mais uma vez, parabéns pela publicação.
Esclarece muitos pontos cruciais no entendimento do transporte coletivo de Goiânia.
Kharen, muito legal o seu comentário! :)
ExcluirRealmente é um absurdo o cartão fácil vencer depois de 6 meses. Mais uma prova de que CMTC e RMTC odeiam os turistas.
No caso de usar aplicativos como Google Maps e Moovit, também funcionou comigo em outras cidades como Rio de Janeiro, Brasília e São Paulo, só não sei sobre Anápolis porque nunca andei de ônibus lá.
Volte sempre!
Postagem muito útil, obrigada.
ResponderExcluirImportante saber dessas informações sobre o transporte aí mesmo. Valeu por compartilhar! Para quem vai viajar, você sabe como é o transporte entre Goiânia e outras cidades? Tem infos sobre passagem de onibus nesse site https://www.passagensbr.com/home, é interessante dar uma olhada para quem está planejando viajar em breve.
ResponderExcluirA maioria das empresas de ônibus intermunicipal só vende passagem na própria rodoviária.
Excluircidade subdesenvolvida com o Sitpass kkkkk
ResponderExcluirGoiânia só é uma cidade subdesenvolvida na criminalidade mesmo, no resto é uma cidade com bons índices, na comparação com a média nacional e com o que as organização internacionais definem como desenvolvimento. E a justificativa para tirarem os cobradores foi justamente a frequência dos crimes de latrocínio. 😭
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