Em julho eu anunciei que ia tirar três meses de férias dos meus blogs para me dedicar a outros projetos, mas as demais redatoras do Melhorada Mente também não escreveram nesse período. O que aconteceu?
Parece que todas nós fomos consumidas pelo mesmo sentimento. O Melhorada Mente nasceu de um desejo de trazer mensagens positivas de melhoramento e superação. Mas estamos todas muito cansadas e tensas com tudo o que está acontecendo no Brasil. Difícil trazer textos leves e alegres nesse contexto.
Espero o melhor para o país e para a humanidade, que a democracia, a aceitação e a cultura de paz vençam a tortura, a intolerância e a cultura do ódio, mas o resultado da eleição não pode reverter o que já está feito: unidos pelo discurso de violência do candidato à presidência, diversos grupos de torturadores e assassinos se formaram em todo o Brasil. Pelo WhatsApp, combinam ataques a mulheres, pessoas negras, homossexuais, imigrantes… E o resultado desse ódio lemos toda semana nos jornais. A barbárie já começou.
Eu não preciso dar mais exemplos dos tempos sombrios que o Brasil vive atualmente. Sei que quem lê o Melhorada Mente tem acesso às notícias por meio de jornalistas sérios e não se deixa levar por qualquer notícia falsa.
Apesar de saber que estamos vivendo um grande pesadelo em todo o planeta — porque as notícias internacionais também não são animadoras — , ter assistido aulas de Filosofia da História na faculdade me ajuda a colocar as coisas em perspectiva. Sei que a história tem mesmo esses movimentos cíclicos em que a gente parece estar regredindo, mas na verdade está pegando impulso para avançar, como em uma linha helicoidal, como em uma mola.
Mas esse movimento de ré pode durar anos, décadas, talvez o resto da minha vida. Então cresce ainda mais minha necessidade de introspecção, de dedicar tempo e energia àquilo que posso controlar, àquilo que me traz prazer de viver, àquilo que me devolve a paz.
Então me lembro que tenho um trabalho que amo. Tenho o estilo de vida que sempre sonhei. Tenho hobbies relaxantes. Tenho papéis bem definidos no meu trabalho e na minha família. Tenho planos financeiros de longo, médio e curto prazo. Quando tiro o foco do cenário externo e olho para minha casa, o desespero dá lugar à serenidade de saber que estou cuidando muito bem da minha própria vida, valorizando a minha existência.
Sei que nada é seguro e que nenhuma tranquilidade dura pra sempre, mas diante de situações futuras que não posso prever com precisão — ninguém pode, todo dia somos surpreendidos com as notícias — , nada mais saudável do que viver bem o presente e manter em ordem e paz o que está dentro das minhas possibilidades: o aqui e o agora.
E nada me impede de ser otimista sobre o futuro, de fazer novos planos, de tomar decisões, de criar metas. Acho que é isso que chamam de “otimismo pé no chão”: a Terra parece estar “desmoronando”, mas enquanto eu tenho controle do meu microcosmo, sigo em frente com alegria, apenas cuidando para não criar falsas expectativas, especialmente naquilo que não depende só de mim.
E como sempre nos lembram os psicólogos, desgraças acontecem e sempre vão acontecer, isso é inegociável. O que define nosso destino é a forma como reagimos a cada sinistro.
Sei que esse é um assunto fascinante, por isso recomendo que continue se inspirando com:
- o texto “Apesar de você” do Marcelo Rubens Paiva;
- o episódio “O Brasil seguirá sempre frente” do podcast Mundo Sustentável do André Trigueiro;
- o episódio “O risco de tomar uma decisão por medo” do podcast Academia CBN do Mario Sergio Cortella;
- o episódio “O desejo da frustração possível” do mesmo podcast.
Agora que eu descobri como trazer otimismo ao Melhorada Mente, espero voltar em breve.
Até mais!
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