Texto publicado originalmente no blog Melhorada Mente.
No fim de 2017, ganhei uns dias de folga do trabalho na televisão, descansei a mente, fiquei inspirada, fiz altos planos para 2018: estudar, passar em outro concurso, me mudar de Goiânia… que lindo seria meu 2018!
Mas um dia acabou o recesso, voltei para o trabalho e suas novas complicações, voltei para a família e seus antigos problemas, voltei à rotina em que não consigo nem manter a casa limpa, voltei à realidade de quem não tem energia mental para fazer tudo o que quer.
Já é dia 3 de março. Reconheço que o ano está passando rápido, mas eu já estou cansada. Minha cabeça está pesada, como se ela fosse grande e volumosa demais pra mim. Meu corpo está lento, como se meu metabolismo estivesse no ritmo errado. Como consequência, estou engordando mais do que o normal, sendo que não estou comendo mais nem me exercitando menos.
E os planos que fiz para 2018, tão bonitos no papel, não fazem o menor sentido agora. Demandas mais urgentes e importantes surgiram. Situações malucas no trabalho e na família estão me sugando. Já fiquei anos sem sentir dor de cabeça, mas agora ela é minha companheira constante.
Mas nem por isso estou infeliz ou na minha pior fase. Ter criatividade para enxergar motivos para continuar também me traz satisfação. Ser grata pelas coisas boas que tenho - comida, casa, saúde, gatos - e conseguir enxergar um futuro melhor - se não para o planeta, pelo menos para mim - também me traz felicidade.
E no meio dos meus motivos para sorrir, não nego que sonhar que vou ganhar na loteria é um deles. Ficar milionária faria muita diferença agora. Resolveria tanto meus problemas no trabalho como parte dos meus problemas familiares. Eu sei que estou me iludindo, mas tem hora que a ilusão é o que nos mantêm vivos em uma realidade sem esperança.
Outra solução, tão ilusória quanto, seria cortar todos os vínculos familiares e automaticamente fugir de todas as responsabilidades. Pedir demissão, me dedicar mais aos blogs, morar em qualquer quartinho de qualquer cidade, viajar pegando carona, trabalhar como redatora freelancer… sem ter que confortar meus pais com a informação de que tenho emprego fixo, casa segura e plano de saúde.
Confesso que a ilusão de ser "solta no mundo" me agrada ainda mais do que ganhar na loteria. Mas essa pessoa tão livre, leve e desimpedida… simplesmente não seria eu. Como canta Caetano, "cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é", e ter esse estilo de vida "todo certinho" por enquanto ainda faz parte da delícia de ser quem sou.
Mas… e se eu ganhasse na loteria e conseguisse deixar minha família em situação mais confortável? Será que depois disso eu conseguiria sumir no mundo, fugir dos problemas? Talvez, mas continua sendo uma ilusão.
De volta à rotina de quem trabalha para pagar boletos, me refugio onde posso: blogs, livros, séries, filmes, jogos eletrônicos. Qualquer coisa que tire meu foco dos problemas.
Quando chove, sorrio com satisfação ainda maior porque amo chuva! Esse é um dos poucos fenômenos do mundo real que ainda têm o poder de me fazer curtir o presente e esquecer os problemas. Nem música, meditação e ciclismo têm poder sobre mim como tem a senhora chuva.
E os planos que fiz para 2018? Esses a própria realidade continua adiando. Felizmente alguns dos meus problemas têm data de validade e expiram daqui a alguns meses, mas para chegar lá tenho que continuar lutando para que os estragos não sejam permanentes.
Geralmente não uso este blog para desabafar, mas sei que muitas outras pessoas estão tomando uma surra de realidade nesse primeiro trimestre de 2018. Se você também está em uma fase difícil, agora sabe que não está só nessa luta. Dias melhores virão para nós!
Até mais!
Fotos: Pixabay
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