Meu gosto musical nunca mudou muito, ele apenas se ampliou bastante nos últimos anos, por ter banda larga em casa ter ficado amiga íntima do www.4shared.com.
Na minha adolescência, sem internet e sem dinheiro, eu estava condicionada a ouvir apenas aquilo que era disponibilizado gratuitamente pela TV e pelas rádios de Goiânia. Gostava sim de Sandy & Júnior e de música sertaneja (mesmo porque, vamos combinar, a música sertaneja de dez anos atrás era bem melhor!), mas, para não ficar enjoada, minha salvação era sintonizar Antena 1 e Executiva, apesar de essas não terem as promoções das rádios populares das quais eu gostava tanto de participar.
Clássicos nacionais e internacionais dos anos 80 eu amo, mas por um motivo muito especial: me dão um Déjà vu muito gostoso por serem as canções tocadas nas rádios em alguns dos melhores anos da minha vida: de quando eu estava no útero da minha mãe até o nascimento da minha irmã caçula, passando também pelo nascimento do meu irmão. Tudo isso foi antes da minha mãe se tornar alcoólatra, então não tem como eu não me lembrar desses anos sem sentir muitas saudades e ficar com os olhos cheios d'água, como estou agora.
Do you like rock?
Contrariando minhas colegas do Ensino Fundamental e do Médio, sempre gostei muito de MPB e, na época, não gostava de rock. Legião Urbana foi uma banda que só conheci depois que o Renato Russo morreu porque minha turma ensaiou Pais e Filhos para cantar numa apresentação da escola.
Minha relação com o rock realmente não foi amor à primeira vista. Depois de Pais e Filhos levei alguns anos para ouvir alguma outra música da Legião, mas quando finalmente ouvi Eu Sei, Eduardo e Mônica e Faroeste Caboclo, não teve mais jeito de ser indiferente. Aliás, que adolescente urbano dos anos 90 consegue não se identificar em algum momento com essas músicas?
Quando fui morar em Brasília, além de gostar mais de Legião Urbana (porque as músicas deles são a cara de Brasília!), aprendi a gostar também da “banda irmã”, a outra filha do Aborto Elétrico: Capital Inicial. Detalhe: eu detestava essa banda quando morava em Goiânia. A música deles só passou a fazer sentido para mim lá no DF mesmo.
Também foi em Brasília que aprendi a gostar de Raimundos, que tive curiosidade de conhecer as músicas de Cássia Eller (além de Malandragem, é claro!) e ouvir falar pela primeira vez da banda Plebe Rude.
Louca de pedra
Sem ter que formar dupla com o meu irmão. ♪
Minha rápida tentativa de morar em Goianésia também trouxe alguma bagagem musical, foi lá que conheci Pedra Letícia com um colega da rádio onde eu trabalhava. Gostei tanto que, quando voltei a Goiânia, também apresentei Pedra Letícia aos meus colegas de trabalho na Universo.
Agora, com banda larga e um computador só meu, continuo expandido meus gostos musicais, mas agora sem tanta interferência ou limitação geográfica como nos exemplos supracitados.
Além do Centro-Oeste
Quanto à música do Sul e do Sudeste creio que meu conhecimento esteja na média da população, então sabemos que há bastante o que se aproveitar. Do Norte, terra do meu pai, só consigo ouvir Fafá de Belém, já que a banda do “Tic, tic, tac” foi extinta. Aceito mais sugestões.
Contudo, meus compositores e cantores favoritos são do Nordeste. Gosto muito de Caetano, Bethânia, Gal e Gil, mas meus favoritos mesmo estão um pouco acima da Bahia.
Outro dia postei aqui Dia Branco, do pernambucano Geraldo Azevedo e interpretada pela paraibana Elba Ramalho, porque tinha a ver com o que eu sentia no dia. Hoje a música que não sai da minha cabeça é do Zé Ramalho, meu segundo paraibano favorito (perde só para um tio), interpretadada pela fluminense Zelia Duncan e a baiana Margareth Menezes. Gosto muito das cantoras, mas essa música é tão boa que fica legal até interpretada por mim outro dia eu provo.
Frevo Mulher - Zé Ramalho
Quantos aqui ouvem
Os olhos eram de fé
Quantos elementos
Amam aquela mulher?
Quantos homens eram inverno
Outros verão
Outonos caindo secos
No solo da minha mão
Gemeram entre cabeças
A ponta do esporão
A folha do não-me-toque
E o medo da solidão
Veneno meu companheiro
Desata no cantador
E desemboca no primeiro
Açude do meu amor
É quando o tempo sacode
A cabeleira
A trança toda vermelha
Um olho cego vagueia
Procurando por um
Acho que eu vou dormir, são 4h01 e se eu me deixar levar escrevo uns cinco posts seguidos só sobre música nordestina.
Fui!
Fotos: Divulgação